segunda-feira, 1 de junho de 2009

São Miguel Paulista

Fotos da Capela de São Miguel Arcanjo construída em 1622


A primeira denominação do bairro foi Aldeia de Ururaí, até que uma capela foi erguida para marcar a presença cristã na aldeia e dar seqüência à catequização dos índios. Essa capela levou o novo do arcanjo de devoção do padre de Anchieta. A história de São Miguel Paulista, bairro no extremo leste da cidade, passa pela praça que, oficialmente, tem nome de um religioso, e, popularmente, de um estilo musical brasileiro. É a Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, mais conhecida como Praça do Forró. Além de conter a Capela de São Miguel Arcanjo, reconstrução da igrejinha que foi o marco do bairro em 1560, a Praça também foi palco de muitos shows nas últimas décadas e de manifestações do Movimento Popular de Arte de São Miguel Paulista, criado no final da década de 70 por um grupo de amigos (Edvaldo Santana, Osnofa, Sacha Arcanjo, Akira Yamasaki e Zulu de Arrebatá, entre outros) interessados numa “política visionária de transformação provocada pela inquietação”. A primeira denominação do bairro foi Aldeia de Ururaí, palavra usada por índios guaianaz em referência ao rio Tietê. Naquelas terras, em 1560, o padre Anchieta reencontrou um grupo de guaianaz que havia abandonado as imediações do colégio jesuíta de São Paulo. Uma capelinha foi erguida para marcar a presença cristã na aldeia e dar seqüência à catequização dos índios. A construção levou o nome do arcanjo de devoção de Anchieta. Era o início da história de São Miguel Paulista. Em 1622, a pequena igreja foi substituída pela Capela, tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional no ano de 1938. Graças à iniciativa da Associação Cultural Beato José de Anchieta, a construção se prepara para receber nova restauração, orçada em R$ 3 milhões e que inclui a recuperação do piso original, das imagens religiosas e da estrutura. A Subprefeitura trabalha para ajudar a captar recursos junto à iniciativa privada e, após o restauro da Capela, promoverá a reurbanização da Praça do Forró.
Companhia Nitro Química Brasileira Outra referência na região é a fábrica da Companhia Nitro Química Brasileira, a primeira do mercado nacional de Nitrocelulose, seu principal produto. Implantada em 1935 na avenida Dr. José Artur Nova, a Nitro Química teve papel de destaque no desenvolvimento de São Miguel. Em 70 anos, empregou milhares de trabalhadores e, juntamente com as olarias e fábricas de cerâmicas, contribuiu para o crescimento do bairro na primeira metade do século XX, atraindo centenas de pessoas à procura de emprego. A Nitro é ainda um dos estabelecimentos de São Miguel que mais oferecem vagas de trabalho: com 401 funcionários, é responsável por quase 18% dos postos da indústria local.
Ao longo de sua história, a companhia também investiu em equipamentos sociais e de lazer voltados aos funcionários e à comunidade. Primeiro foi a Vila Operária, depois o Clube de Regatas (1939), a escola técnica em parceria com o Senai (1943) e o Berçário (1944). Este ano, a empresa anunciou uma obra de grande porte - o Viário Nitro Química -, que deverá melhorar o fluxo local de veículos na área central de São Miguel. A obra ligará a Dr. José Artur Nova à rodovia Ayrton Senna e deve estar concluída em abril de 2006, a um custo de R$ 5 milhões. De aldeia à região De pequena aldeia ao redor da Capela, 383 anos depois São Miguel é mais do que um bairro: é uma das 31 regiões político-administrativas da cidade. Dividida em três distritos - São Miguel, Jardim Helena e Vila Jacuí -, possui 24,3 km² de território e quase 400 mil habitantes. O Jardim Helena é o distrito com maior índice de exclusão social e com menos equipamentos públicos de saúde e educação. Já o distrito de Vila Jacuí abriga a sede da Subprefeitura e a nova Casa de Cultura entre outras unidades da prefeitura. Aliás, a mudança de endereço da Casa de Cultura há três meses parece ter agradado a população. A unidade já tem 406 alunos matriculados em diversos cursos e uma lista de espera com 160 nomes. “A antiga Casa de Cultura era fora de mão. A nova unidade é muito bem movimentada, finalmente conseguimos inseri-la dentro da comunidade”, comemora Adilson Aragão, coordenador cultural da Casa. Vila Jacuí é motivo de satisfação também para Katsuhiko Toda. Ele mora na rua Guchi Toda, nome de seu pai, imigrante japonês que chegou ao bairro em 1947. Katsuhiko, de 77 anos, recorda dos primeiros tempos na região e do primeiro emprego como cobrador na Viação Penha - São Miguel até abrir uma lavanderia no bairro em 1950. “A Nitro Química era cercada de arame farpado, as vias ao redor eram de terra: se chovesse, empoçava água e o ônibus não saía”, relata. Segundo Toda, a infra-estrutura viária começou a melhorar com a chegada do paralelepípedo, por volta de 1952. O asfalto viria anos mais tarde. “Hoje não tem comparação, São Miguel progrediu bastante, é uma cidade boa”, opina. Mesmo assim, a região ainda dispõe de ruas de terra, sendo que, apenas este semestre, a Subprefeitura já pavimentou 19 ruas e concluiu o asfaltamento de outras 20. Fundador e presidente da Associação Nikkei de São Miguel, Toda estima que vivam hoje nos três distritos aproximadamente 5 mil famílias de origem nipônica. O Conjunto Habitacional Garagem é outro ponto muito conhecido na Vila Jacuí. Iniciado em 1996 no terreno ao lado da garagem da Viação Penha - São Miguel, o empreendimento atendeu principalmente a moradores oriundos de áreas de risco. Atualmente, conta com cerca de 10 mil habitantes e possui uma rede de serviços públicos, com escolas, unidade básica de saúde, centro de convivência, telecentro e centro desportivo. Em setembro, a Secretaria Municipal de Habitação lançou o Programa de Regularização Fundiária do Projeto Garagem, por meio do qual os moradores terão suas habitações devidamente regularizadas e as áreas comuns do conjunto revitalizadas. Centro: comércio, transporte e serviços O distrito de São Miguel abriga o Hospital Municipal Tide Setúbal, o Hospital Dia Saúde Mental, dois dos cinco telecentros da região e o Centro de Referência da Criança e do Adolescente, inaugurado em agosto para acolher crianças e adolescentes em situações de risco ou de rua. O centro de São Miguel, nos arredores da Praça do Forró, é atualmente um importante pólo comercial e residencial, com quatro avenidas principais: Nordestina, São Miguel, Pires do Rio e Marechal Tito, as três primeiras recentemente contempladas pelo Programa de Recapeamento da Prefeitura. A Estação de Trem, utilizada pela linha F da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) desde 1994, também está nessa área. No entroncamento da Marechal Tito com a Nordestina, o Restaurante Piassi é parada obrigatória para moradores como o industrial Edson Miranda, que se formou no Senai da Nitro Química em 1967. “O pai dele já freqüentava o restaurante”, conta um dos sócios, Pedro Piassi Filho, de 74 anos que mantém nas paredes fotografias antigas do bairro que ajudam a preservar um pouco da história local. Uma delas traz Pelé e outros jogadores santistas na inauguração das arquibancadas do Estádio da Nitro Química, em 1957. A descontração e a amizade são ingredientes principais do restaurante, instalado no mesmo local há 50 anos e até hoje ponto de encontro dos moradores do bairro, como Miranda, que em menos de meia hora encontrou lá mais de 10 amigos de infância. O negócio dos Piassi está entre os 123 estabelecimentos da região que têm entre 20 e 99 empregados. A maioria dos negócios (1.346) emprega bem menos: até quatro pessoas. Pedro, que cuida pessoalmente da compra e do corte das carnes, agradece a Deus pela freguesia e tranqüilidade nesses anos todos. “Só fomos assaltados duas vezes, mas nunca tivemos o aborrecimento de alguém puxar uma arma aqui dentro”, revela. Uma radiografia de São Miguel em números Área territorial: 24,3 km²Distritos: Jd. Helena, São Miguel, Vila JacuíPopulação total: 378.438Quantidade de estabelecimentos econômicos: 1.983 (50,88% no comércio, 31,67% em serviços, 13,16% na indústria e 4,24% na construção civil) Escolas da Prefeitura: 26 CEIs, 18 EMEIs, 20 EMEFs e 1 CEU Taxa de analfabetismo: 7,34% dos habitantesUnidades Saúde/ Prefeitura: 16 unidades (entre UBSs e Ambulatórios de Especialidades), 1 Hospital e 30 equipes PSFRendimento Médio dos chefes de família: R$ 607,61Número de Favelas: 43


SÍTIO MIRIM
SEDE DO SÍTIO MIRIM Localização: Rua Dr. Assis Ribeiro, s/n - São Miguel Paulista Processo: 22053/82 Tombamento: ex-officio em 12/5/82 Tombamento: Iphan em 6/3/73 Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 219, p. 62, 19/1/1987 A informação mais antiga existente sobre este imóvel remonta a 1750, quando aí residiu o guarda-mor Francisco de Godoy Preto. Porém, não se sabe ao certo a data da construção da casa do sítio, que se constitui em exemplar único no conjunto das casas bandeiristas, por apresentar diferente disposição de planta e de soluções construtivas. Em relação à planta, não existe o grande salão central para o qual se voltavam cômodos localizados em suas laterais, mas uma área interna dividida em pequenos ambientes. Quanto à varanda, apresenta-se em forma de "L", ao longo de duas fachadas, com uma parede de taipa envolvendo-a em determinados trechos. Construída em taipa de pilão, suas paredes são relativamente delgadas, com 50 cm de espessura e telhados com dupla inclinação. A planta é praticamente retangular, não fosse o cômodo situado fora dele em uma de suas laterais. Em 1945, apresentava-se alterada e em péssimo estado de conservação e, apesar dos trabalhos de consolidação, em 1967, encontra-se em ruínas. Fonte Luís Saia

A Capela de Biacica
A Capela de Biacica e a Chácara dos Fontouras Originalmente, a chácara pertencia à antiga Fazenda da Biacica, mantida pela Ordem de Nossa Senhora do Carmo desde 1621. Já a Capela de taipa com características luso-brasileiras, foi construída no fim do século XVII. Situada na estrada da Biacica, a Chácara dos Fontouras ocupa uma área com cerca de 100 mil m². De propriedade particular, está sem uso há algumas décadas, o que vem comprometendo sua conservação e integridade. Originalmente, pertencia à antiga Fazenda da Biacica, mantida pela Ordem de Nossa Senhora do Carmo desde 1621. Uma capela de taipa de características luso-brasileiras, com invocação de Nossa Senhora da Estrela de Biacica, foi construída no local no fim do século XVII. A imagem da padroeira foi transferida para a Capela de São Miguel nos primeiros anos do século XX. Em processo de decadência, a antiga capela recebeu atenção especial por Levén Vampré, o novo proprietário, que a incorporou a uma casa de linhas neocoloniais, construída na década de 1930, para uso em fins de semana e férias. Aproveitando a capela como parte central da casa, a ela foram acrescentados compartimentos laterais, além de uma grande varanda central. Vampré introduziu elementos artísticos de modo a valorizar a natureza sacra da antiga edificação, idealizando um passado em que o catolicismo teria exercido influência benéfica sobre os indígenas, primitivos habitantes da região. Entre 1944 e 1978, a família Fontoura foi proprietária do imóvel e ali residiu, associando seu nome à chácara. O CONPRESP reconheceu o valor cultural e ambiental da Chácara dos Fontouras através do tombamento em 1994, preocupação que Mário de Andrade já expressara em 1937, quando a visitou como técnico do IPHAN. Em 2004, também foi incluída como ZEPEC no Plano Regional Estratégico das Subprefeituras. Fonte: Departamento do Patrimônio Histórico
Vitor Santos
São Miguel de todos os tempos,
São Miguel de Ururai,
da Aldeia dos índios Guainazes,do cacique Piquerobi.

Entre o verde das matas, na pequena aldeia,
construída pelas mãos de Anchieta,
com a ajuda dos índios, a capela erigiu,
de taipas e telhas de barro,
a casa de Deus surgiu.
São Miguel de José de Anchieta,
São Miguel de Padre Aleixo,
de Dom Fernando Legal,
de Dom Manuel Parrado Carral,nosso Bispo eclesial.

São Miguel dos nordestinos,
mineiros, de todos estrangeiros,
que aqui um dia ajudaram a contar a história do bairro.

São Miguel, do Arcanjo Miguel,
São Miguel de Baquirivu,
São Miguel da velha estrada Rio-São Paulo,
São Miguel de ontem, hoje e amanhã,
São Miguel de todos os tempos.

São Miguel do sol nascente,
que toca o coração da gente,
terra abençoada por Deus,
onde todos convivem em paz e harmonia.

São Miguel, minha terra querida.
Inspire-nos a contar a sua história,
A narrar a suas glórias.

Eterno Berço da esperança,
patrimônio da humanidade,
Aqui já passaram grandes vultos da nossa história.

Tuas ruas contam histórias,
de vitórias e de glórias, dos pioneiros destemidos,
que com bravura, riquezas aqui construíram.
Receba dos seus filhos ilustres esta pequena homenagem.
Terra amada, terra adorada, onde Deus fez a sua morada.
Que seu nome seja eternizado e o teu hino entoado.

Vitor Donizetti dos SantosJornalista e escritore-mail do autor: vitor.d.santos@hotmail.com

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